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FÁBIO DAFLON

( BRASIL – ESPÍRITO SANTO )

Fábio Daflon, nome literário de Fabio Santos Daflon Gomes.
É médico e crítico literário, como escritor é principalmente poeta, é especialista em estudos literários pela Universidade Federal do Espírito Santo.
É autor dos seguintes livros de poesia: Mar ignóbil, Mar sumidouro, Vagalume-Farol, Mar raso e Sovacos: poesia sob os braços.
Em prosa publicou os seguintes livros: Vento passado: memórias do recruta 271 e Estrela miúda - breve romance infinito.

ANTOLOGIA LITERÁRIA CIDADE  - VOLUME 8.  Belém: ORG. Abilio Pacheco. Deurilene Sousa.  Belém: LiteraCidade, 2012.  112 p.
ISBN 978-85-64488-07-6             Ex. biblioteca de Antonio Miranda

Trovas de A-Z

O a e u i o
serve ao canto do aboio,
ela, elas, eiau!
e o gado volta ao arroio.


O “a” sempre inicia tudo;
três vezes em alcança,
duas vezes na lança,
ausente na palavra escudo.


A vida pode se plano B,
quando A não funciona,
e a diferença cabe
entre o órgão e a sanfona.


Com C se escreve colhões,
mas quem tem cu tem medo
borra-se com cagalhões
quem no cu guarda segredo.


No concerto das nações
há sempre jogo de dados;
sempre terá mais razões
país com melhores soldados.


Ene quer dizer inúmeros,
mas úmeros bastam dois,
para o abraço de Eros
que te fizeram ver sóis.


A letra e pode ser é,
conjugada em verbo ser,
com circunflexo é você
sem acento é simples e...


Sem efe não se tem fé,
em velório de defunto
não é servido um café
nem canapé de presunto.


No chamado ponto G,
com taco e bolas de golfe,
fiz um gol sem ninguém ver
só depois de muitos golpes.


Sempre importa a letra agá,
oras se não importasse,
hora não ter agá,
nem gente que se atrasasse.

O i é letra elegante,
sobre si respinga um ponto,
começa a palavra infante,
e a idoso em contraponto.


Com jota abro a janela
e já posso olhar a rua,
e penso em levar Jane lá
tomar um banho de Lua.


Um mote pra k não tenho,
é uma letra de dois braços,
um para cima, outro pra baixo,
que  me faz franzir o cenho.


O L calça quarenta e quatro     
é uma letra de pé grande,
não se encontra em sapato
nem se esconde atrás da estante.


Momo contem dois emes,
mama também os tem,
em mamas me alimentei,
momesco fiquei aos três meses.


Ene quer dizer inúmeros.
mas úmeros bastam dois,
para o abraço de Eros
que te fizeram ver sóis.

O ó é uma exclamação!
ou artigo definido,
oh! Como me falta chão
quando sou o incompreendido.


Puta-que-o-pariu; porra!
Que temporal cai na praça;
só estou nessa pachorra
porque sou um cão sem raça.


Bem-me-quer-mal-me-quer,
não faça isso com a flor,
arrancar pétalas para quê?
— Só para trova compor?!...


Erremos no barco em rio,
a favor da correnteza!
Se sem fé não há certeza,
erremos então com brio.


Solidão de um homem só,
é ao sol do meio-dia,
quando a sombra vira pó,
sob os pés sem serventia.


Tanta estatística
na pesquisa eleitoral;
e no fim o Tiririca
deputado federal.


Se união fosse força
que seria do ginasta,
que sozinho se esforça
e pra si isso já basta?


V de uva, v de vulva,
v de vinagre ou vitória,
v da flor fúcsia fulva,
só o v pode ter glória.


Sem x não há problema,
mas também não há texto;
quem rema, rema, rema,
aceita questão sem protesto.


O w de water closet
sé pouco usado na língua,
não escolha outro set,
no WC que merda míngua.


Quem usa epsílones
nas letras da sua graça.
sempre terá menos clones
e homônimos na praça.


O zzzzz vai de zênite
ao sonos, feliz quem dorme
tranquilo e bem light,
consciência nos conformes.

*

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Página publicada em março de 2024